Minhas férias de 2009 seriam tão chatas quanto vir para escola o ano inteiro se não fosse a leitura do clássico “E Não Sobrou Nenhum”, da incrível Agatha Christie. Por que não havia lido anteriormente? Simplesmente pelo fato de ter medo de, como um exemplar de Vinícius de Moraes, sua linguagem fosse muito complicada para minha idade. No futuro, veria que minhas expectativas estariam completamente equivocadas.
Agatha Christie, a grande dama do suspense, nasceu em Devon, em 1890, e escreveu mais de 80 livros, entre eles “Assassinato no Expresso do Oriente” e “Morte no Nilo”. Seus livros já venderam mais de quatro bilhões de cópias e é considerada, por muitos, uma das maiores escritoras de todos os tempos.
O romance se inicia com dez pessoas sendo convidadas por carta, assinada pelo Sr. U.N. OWEN, a passar uma temporada de férias numa mansão famosa por seus antigos donos ricos e suas festas deslumbrantes, na Ilha do Soldado.
Esses dez convidados não se conhecem entre si, aceitam o convite e vão desfrutar de tudo que a ilha oferece. No local, são bem recebidos pelos mordomos, Sr. e Sra. Rogers. Cada um possui seu quarto, as refeições são muito bem servidas, o conforto é extremo. No entanto, ao longo que os dias vão passando, os convidados vão sendo assassinados, criando, assim, um clima tenso naqueles que “sobram”. O suspense paira no ar, e o caso somente é descoberto nas últimas páginas.
O livro foi lançado originalmente nos EUA, nos meados da década de 40, chamando-se “O Caso dos Dez Negrinhos”. O nome, entretanto, teve que ser trocado, por causa da polêmica do termo “negrinho”. Aqui no Brasil, na década de 50, teve o título de “Vingador Invisível” e em 2008 adquiriu o nome atual.
Após a leitura me surpreendi com a simplicidade com que Agatha escreve. A grande diferença entre um escritor comum e aquele de grande fama é a mágica que consegue fazer com palavras simples. Por consequência, com essa linguagem, o romance captura os leitores, que querem mais do que tudo saber o que causou aquela a maluquice. No fundo, como o próprio Ridley Scott (diretor cinematográfico) afirma, o suspense causa um sentimento de incerteza ou ansiedade mediante as consequências de determinado fato e acontece quando falta conhecimento sobre o desenvolvimento de um evento significativo. “E Não Sobrou Nenhum” segue rigorosamente esse roteiro.
Não tenho dúvidas que após ler e reler a história umas três vezes, meu gênero preferido se tronou o Suspense Policial. Gostei tanto de como o leitor se envolve na historia que resolvi copiar. A escrita é definitivamente, uma arte: você pode inventar o que quiser, além de entreter o leitor de sua maneira. Por que não inventar um livro como o de Agatha, mas que possua minhas características, meu assassino? Assim, nasce sob a minha autoria, o “Voo 600”.
O “Voo 600” conta a história de funcionários de uma empresa que viajam num avião fretado a negócios. Ao longo do voo, passageiros vão sumindo, pessoas vão morrendo. Desse modo, como em “E Não Sobrou Nenhum”, a história parece não ter sentido até ser descoberto o “segredo”.
Agatha Christie consegue escrever um romance misturando suspense, lógica e percepção. São pequenos detalhes que formam o grande final. Com certeza, uma boa leitura. E, com a árdua vontade de conhecer o final, não me surpreenderia se acabasse a leitura, de cerca de 200 páginas, em um, dois dias.
RODRIGO VERRI
Nenhum comentário:
Postar um comentário